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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Resumos - Mesa Cuidado de si e exercícios espirituais

Prof. Marcus Reis Pinheiro (UFF)
A atenção a si mesmo e o seu lugar no cosmos: a lembrança da morte

A palestra será uma apresentação geral do exercício da atenção a si mesmo (prosoché) no helenismo, especialmente nos estoicos do período romano e algumas de suas repercussões nos primeiros padres da Igreja. Ao analisarmos alguns trechos em que a “atenção a si” é desenvolvida, apresentaremos algumas de suas relações com o exercício do “olhar do alto”, aquele em que o filósofo lembra-se de sua posição no cosmos. Tal lembrança acarreta uma reavaliação de seus interesses e preocupações especialmente por sublinhar nossa mortalidade essencial e eminente, mortalidade esta que reestabelece uma hierarquia de valores dentre as realidades humanas.
Prof. Bernardo Brandão (UFJF)
O memento mori no monasticismo cristão

Nas palavras de João Clímaco, na sua Escada do Paraíso, "o que é mais de se maravilhar, até os gentios pensavam e determinavam que a suma de toda filosofia é a memória e a meditação da morte". Assim como para a filosofia, entendida como modo de vida, para o monasticismo cristão, a meditação da morte é um exercício espiritual fundamental, a partir da qual o monge pode se colocar em uma perspectiva adequada diante de sua vida e, assim, empreender o caminho da terapia da alma. Nessa apresentação, analiso a prática em dois autores da Antiguidade Tardia, o próprio João Clímaco, e Doroteu de Gaza, e em um autor contemporâneo, o Arquimandrita Zacharias, buscando definir em que medida ela se coloca em continuidade com a tradição filosófica e em que medida apresenta elementos próprios.

Prof. Rodrigo Ventura (UFRJ)
Áskesis, Eros e Tânatos na experiência psicanalítica



A partir da articulação entre a obra de Michel Foucault, a filosofia antiga, em torno das figuras de Sócrates e Diógenes, o cínico, e o discurso freudiano, o objetivo desta apresentação é problematizar o espaço de liberdade à constituição de outros e novos modos de vida na experiência psicanalítica. Em sua genealogia do poder, Foucault afirma que os efeitos de sujeição das relações de poder-saber, que normalizam as subjetividades, também estão presentes na experiência psicanalítica. Para encontrar as saídas frente às críticas colocadas por Foucault, esta apresentação vai refletir acerca da tensão presente no setting analítico entre a sujeição e a liberdade das subjetividades. Para tal, nossa aposta é buscar na própria filosofia de Foucault, quando esse autor se volta para a Antiguidade greco-romana para estudar a noção de cuidado de si, os elementos que nos permitam encontrar na obra freudiana, tão rica em possibilidades de leitura, uma psicanálise comprometida com a produção de modos de vida singulares, menos normalizados e submissos. Considerando que o cuidado de si é composto por um conjunto de práticas ascéticas e eróticas, que visam à transformação da própria maneira de se viver, e trazendo para o primeiro plano do discurso freudiano as noções de exercício (áskesis) e Eros, este como princípio de afirmação da vida frente ao silenciamento da pulsão de morte (Tânatos), acreditamos ser possível pensar a prática psicanalítica como uma ascese erótica, que aponta para o trabalho de si sobre si e para o exercício de novos modos de existência.
 

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