Prof.
Marcus Reis Pinheiro (UFF)
A atenção a si mesmo e o seu lugar no cosmos: a lembrança da morte
A atenção a si mesmo e o seu lugar no cosmos: a lembrança da morte
A palestra será uma apresentação geral do exercício da
atenção a si mesmo (prosoché)
no helenismo, especialmente nos estoicos do período romano e algumas de suas
repercussões nos primeiros padres da Igreja. Ao analisarmos alguns trechos em
que a “atenção a si” é desenvolvida, apresentaremos algumas de suas relações
com o exercício do “olhar do alto”, aquele em que o filósofo lembra-se de sua
posição no cosmos. Tal lembrança acarreta uma reavaliação de seus interesses e
preocupações especialmente por sublinhar nossa mortalidade essencial e
eminente, mortalidade esta que reestabelece uma hierarquia de valores dentre as
realidades humanas.
Prof. Bernardo Brandão (UFJF)
O memento mori no monasticismo cristão
Nas palavras de João Clímaco, na sua Escada do Paraíso, "o
que é mais de se maravilhar, até os gentios pensavam e determinavam que
a suma de toda filosofia é a memória e a meditação da morte". Assim
como para a filosofia, entendida como modo de vida, para o monasticismo
cristão, a meditação da morte é um exercício espiritual fundamental, a
partir da qual o monge pode se colocar em uma perspectiva adequada
diante de sua vida e, assim, empreender o caminho da terapia da alma.
Nessa apresentação, analiso a prática em dois autores da Antiguidade
Tardia, o próprio João Clímaco, e Doroteu de Gaza, e em um autor
contemporâneo, o Arquimandrita Zacharias, buscando definir em que medida
ela se coloca em continuidade com a tradição filosófica e em que medida
apresenta elementos próprios.
Prof. Rodrigo Ventura (UFRJ)
Áskesis, Eros e Tânatos na experiência psicanalítica
A partir da articulação entre a obra de Michel
Foucault, a filosofia antiga, em torno das figuras de Sócrates e Diógenes, o
cínico, e o discurso freudiano, o objetivo desta apresentação é problematizar o espaço de
liberdade à constituição de outros e novos modos de vida na experiência
psicanalítica. Em sua genealogia do poder, Foucault afirma que os
efeitos de sujeição das relações de poder-saber, que normalizam as
subjetividades, também estão presentes na experiência psicanalítica. Para
encontrar as saídas frente às críticas colocadas por Foucault, esta
apresentação vai refletir acerca da tensão presente no setting analítico entre a sujeição e a liberdade das
subjetividades. Para tal, nossa aposta é buscar na própria filosofia de
Foucault, quando esse autor se volta para a Antiguidade greco-romana para
estudar a noção de cuidado de si, os elementos que nos permitam encontrar na
obra freudiana, tão rica em possibilidades de leitura, uma psicanálise comprometida
com a produção de modos de vida singulares, menos normalizados e submissos.
Considerando que o cuidado de si é composto por um conjunto de práticas
ascéticas e eróticas, que visam à transformação da própria maneira de se viver,
e trazendo para o primeiro plano do discurso freudiano as noções de exercício (áskesis)
e Eros, este como princípio de afirmação da vida frente ao silenciamento da
pulsão de morte (Tânatos), acreditamos ser possível pensar a prática
psicanalítica como uma ascese erótica, que aponta para o trabalho de si sobre
si e para o exercício de novos modos de existência.
0 comentários :
Postar um comentário